top of page
       Causa dos sofrimentos humanos
"Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade, mas nenhum escapa à Lei" (O Caibalion)

Neste capítulo analisaremos as principais respostas para a causa dos sofrimentos humanos apresentadas pelas religiões Cristãs tradicionais, que baseiam suas doutrinas na interpretação literal da Bíblia e na crença da existência de uma única vida. Em seguida, analisaremos a resposta apresentada pela Reencarnação, para que possamos concluir qual delas apresenta mais consistência lógica.

Resposta 1: O sofrimento humano existe devido ao “Pecado Original”

Esta Teoria já foi objeto de nossa “Análise lógica 1: Ilogicidade do pecado original”, onde demonstramos que a mesma não se sustenta sob o rigor da lógica, por apresentar contradições em seu conceito central, ou seja, ao afirmar que “Deus é justo” e ao mesmo tempo “comete uma injustiça”, fazendo com que pessoas paguem pelos erros de outros. (Princípio da não contradição)

 

Resposta 2: O sofrimento humano existe “Para glória de Deus”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Muitos daqueles que baseiam suas crenças em uma interpretação literal da Bíblia utilizam o trecho em João 9-10:21 para justificar o fato de uma pessoa nascer cega ou com qualquer outro tipo de deficiência física, dizendo que tal fato ocorre para que assim Deus demonstre sua “Glória”” e seu “Poder”.

 

“Enquanto Jesus caminhava, viu um homem que era cego de nascença. “Mestre”, perguntaram-­lhe os discípulos, “porque foi que este homem nasceu cego? Por causa dos seus pecados ou por causa dos pecados de seus pais?”. “Nem uma coisa nem outra”, disse Jesus, “mas para nele se mostrar o poder de Deus.” (João 9 – 10:21)

Porém, ao analisar esta passagem bíblica criteriosamente,temos que considerar duas opções: Jesus estava fazendo uma afirmação genérica, ou seja, que se aplica a todas as pessoas que nascem cegas, ou uma citação específica, que se aplicava ao caso daquele cego em particular? Vamos analisar cada uma das possibilidades:

 

1. Citação generalizada: Jesus estaria referindo-se a todos os cegos de nascença.

2. Citação específica: Jesus estaria referindo-se apenas àquele cego em particular.

 

Analisando as duas interpretações possíveis, observamos facilmente que a citação generalizada é totalmente desprovida de coerência. Basta nos perguntarmos:

 

  • Como poderia Deus, para demonstrar sua  “perfeição”, criar sofrimento e “imperfeição” fazendo com que pessoas nascessem com deficiências e sofressem para que, desta forma, todos vissem sua “Glória” e seu “Poder”?  Seria o mesmo que um pai castigar duramente um filho para demonstrar a todos como ele é “grandioso”. (incoerente)

  • Será que, ao nos depararmos com cegos e paralíticos na rua, ou crianças sofrendo em um hospital com câncer, pensaríamos: “Nossa, como Deus é “glorioso”! (?)“ . Obviamente não faz sentido.

 

Já a segunda interpretação tem total coerência, pois nos leva a deduzir que aquele homem cego estaria ali cumprindo uma missão, de forma que, através de sua cura, o poder de Deus, através de Jesus, pudesse ser revelado ao mundo, como aconteceu, através dos relatos dos discípulos que ficaram registrados na Bíblia e puderam chegar aos dias de hoje.

 

Outra demonstração inequívoca que confirma esta interpretação: Os discípulos perguntaram a Jesus: “porque foi que este homem nasceu cego?”  Eles não perguntaram: “Por que as pessoas nascem cegas?” E a resposta de Jesus foi igualmente no singular: “para nele se mostrar o poder de Deus.”

 

Concluímos então que a passagem bíblica da “cura do cego de nascença”não é uma explicação “generalizada” para a causa dos sofrimentos humanos, mas sim contextualizada em um momento específico da missão de Jesus. E ainda que interpretássemos esta passagem bíblica de forma generalizada, não resolveríamos a questão da injustiça que tal ação representaria, ou seja, uma pessoa “sofrer sem merecer”, o que representaria uma injustiça, tornando Deus injusto e, consequentemente, imperfeito.

Resposta 3: O sofrimento humano existe devido a causas naturais

Esta resposta atribui os sofrimentos humanos unicamente a causas naturais. Por exemplo, uma criança que nasce com problemas genéticos herdados dos pais, ou então um problema surgido no parto, etc. Porém esta resposta, embora possa apresentar uma explicação para a questão material da questão, ou seja, do corpo físico, não explica a questão espiritual. Ora, se Deus criou o espírito no momento do nascimento, como justificar que o mesmo pudesse iniciar a vida com doenças ou anomalias, sem nada ter feito para merecer tais sofrimentos, enquanto outros nascem absolutamente perfeitos?

Neste caso a vida seria apenas um jogo de “sorte ou azar”, não havendo nenhuma explicação para a causa dos sofrimentos humanos. Desta forma, esta resposta também não oferece uma explicação consistente.

Resposta 4: As causas dos sofrimentos humanos são “Mistérios de Deus”            

Muitos que defendem a crença na existência de uma única vida, não conseguindo apresentar uma explicação coerente que justifique a causa dos sofrimentos humanos, dizem que estes são “Mistérios de Deus”, e que tais mistérios são “insondáveis”.

Com todo o respeito a todos os tipos de crenças, penso que, ao longo da história da humanidade, se tivéssemos sempre tido a postura de achar que todas as coisas para as quais não se tinha ainda uma explicação eram “mistérios insondáveis”, e nos contentássemos com esta resposta, ainda estaríamos, como antigamente, acreditando que a Terra era plana e o sol giraria em torno dela, e condenando à morte todos aqueles que buscassem uma resposta racional.

 

Quantas coisas que no passado eram consideradas “grandes mistérios” foram completamente desvendadas pela ciência? Portanto, se Deus nos concedeu o dom da inteligência, devemos utilizá-la para entender o universo que nos cerca.

Conclusão das respostas oferecidas pelas religiões cristãs Tradicionais

Podemos concluir, pelas análises das respostas acima, que as religiões tradicionais, baseadas na crença da existência de apenas uma vida, não conseguem oferecer explicações lógicas que venham a apresentar um critério justo, racional e consistente para justificar a causa dos sofrimentos humanos.

A “Teoria do Pecado Original” é completamente inconsistente, pois, segundo ela, Deus estaria violando o conceito mais elementar de Justiça, impondo às pessoas um sofrimento imerecido por causa de um pecado que elas não cometeram. Atribuir que o sofrimento humano pudesse existir simplesmente para a “Glória” de Deus, ou definir tal questão como “mistérios de Deus” também não oferece qualquer explicação coerente.

Porém, o fato de as religiões tradicionais serem incapazes de oferecer uma explicação consistente para a origem dos sofrimentos humanos não significa que esta explicação seja inexistente! Como vimos anteriormente em nossos estudos, não existe efeito sem causa. Portanto, se Deus é infinitamente Justo e perfeito, deduz-se que Ele criou um sistema universal “justo e perfeito”, onde há uma causa racional que venha a explicar a oigem de tanto sofrimento na face da Terra.

 

Análise do argumento lógico

Premissa 1: Deus é infinitamente justo.

Premissa 2: Todo efeito possui uma causa que o justifique.

Conclusão: Existe uma causa justa para explicar a existência os sofrimentos humanos.

Para que possamos refutar um argumento lógico, é necessário que demonstremos que pelo menos uma das premissas seja falsa ou então que não há uma inferência lógica entre as premissas que leve à conclusão apresentada.

Portanto, para refutarmos o argumento acima, precisaríamos realizar pelo menos uma das três opções abaixo:

 

1. Demonstrar que a premissa 1 é falsa: Ou seja, afirmar que Deus não é infinitamente Justo, o que vai de encontro a todas as Doutrinas que creem na existência de um Criador Perfeito.

 

2. Demonstrar que a premissa 2 é falsa: Ou seja, demonstrar que pode haver um efeito sem causa, o que vai de encontro às Leis Universais, onde observamos que todo efeito possui uma causa que o originou.

 

3. Demonstrar que as premissas não conduzem à conclusão: O que não é possível pois ambas as premissas têm clara inferência lógica entre si, levando inequivocamente à conclusão: Se Deus é infinitamente justo (Premissa 1), e todo efeito tem uma causa (Premissa 2), podemos deduzir, de forma inequívoca, que o sofrimento humano tem uma causa e que esta causa é justa! Do contrário, Deus estaria sendo injusto e, consequentemente, imperfeito.

 

Sem realizarmos pelo menos uma das opções acima, jamais poderemos dizer que “refutamos o argumento”. Portanto, a lógica nos demonstra que, se considerarmos a existência de um Criador infinitamente Perfeito, Ele necessariamente possui um critério justo que justifique e explique as causas de todos os sofrimentos humanos.

 

Porém, como vimos anteriormente, não conseguiremos encontrar este critério justo nas doutrinas que se baseiam na crença da existência de uma vida única.

 

Reencarnação: A explicação lógica para a causa dos sofrimentos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Reencarnação apresenta a única explicação logicamente consistente para a causa dos sofrimentos humanos, pois é capaz de identificar a mesma nas ações que nós mesmos fizemos em vidas anteriores. Portanto, sob a ótica reencarnacionista, não há qualquer tipo de injustiça, pois a cada um será dado “De acordo com suas obras”. Do ponto de vista lógico esta explicação resolve todas as contradições que as doutrinas baseadas na crença da existência em uma única vida não conseguem solucionar.

 

Na verdade, se pensarmos que nós mesmos somos responsáveis por nossas ações, e que todos, sem exceção, sempre teremos que quitar nossos débitos, jamais conseguiremos enxergar qualquer traço de injustiça nas Leis Divinas.

 

Se tivéssemos apenas uma vida, não teríamos como explicar tanto sofrimento e tanta desigualdade entre as pessoas. Quantos nascem perfeitos enquanto outros nascem cegos,paralíticos ou doentes. Quantos nascem em famílias bem estruturadas, tanto financeira quanto moralmente, enquanto outros nascem órfãos ou totalmente desprovidos de qualquer estrutura material ou moral.

 

Como um pai infinitamente amoroso poderia criar seus filhos “em pecado” e sofrendo injustamente, quando na verdade seriam inocentes, pois eles mesmos nada haveriam feito para merecer tal sofrimento? As doutrinas não reencarnacionistas não conseguem fornecer qualquer explicação lógica para justificar esta situação.

 

A Doutrina Espírita nos apresenta uma visão extremamente coerente através da “Lei de causa e efeito”, uma Lei Divina tão inexorável quanto qualquer Lei da Física, onde cada pessoa, ou seja, cada espírito que reencarna na Terra, torna-se responsável pelos seus próprios atos, e recebe as consequências (positivas ou negativas) dos mesmos.

 

Existem também situações em que uma pessoa reencarna em missão e submete-se a sofrimentos que não teriam sido justificados por suas ações anteriores, mas, nestes casos, tais sofrimentos não estão sendo impostos. Como vimos, justiça é “dar a cada um conforme seu merecimento” e Deus jamais poderia impor a alguém um sofrimento imerecido. Nestes casos não está sendo “dado” ou “aplicado” um sofrimento, porém o próprio espírito decidiu, através de seu próprio por eles passar, para realizar sua missão.

 

Além de incomparavelmente mais lógica, a Reencarnação é também amparada por milhares de evidências materiais e científicas, como é demonstrado na Parte III deste trabalho (Evidências materiais e científicas), tais como a TVP (Terapia de Vidas Passadas), uma técnica surgida no próprio meio científico, onde pessoas podem acessar memórias de outras vidas através da hipnose e podemos encontrar milhares de casos documentados.

 

Encontramos também milhares de casos de crianças que se recordam espontaneamente de vidas anteriores mencionando detalhes impressionantes sobre sua vida anterior e muitas vezes apresentando até mesmo marcas de nascença que comprovam seu relato, como podemos comprovar ao analisar o trabalho do Dr. Ian Stevenson, que investigou e documentou mais de 3.000 casos ao longo de 38 anos de pesquisas.

 

Enfim, somando os argumentos lógicos às evidências materiais e científicas, constatamos que a Reencarnação oferece realmente as respostas mais consistentes para a causa dos sofrimentos humanos. Sem a doutrina das vidas sucessivas, ficamos à mercê de uma teoria ilógica e inconsistente, incapaz de apresentar respostas coerentes, atrelada à visão de um Deus antropomórfico, vingativo e absolutamente injusto.

 

A Reencarnação nos fornece uma compreensão muito mais ampla e lógica do universo, e uma visão muito maior de Deus como sendo uma Inteligência Cósmica Universal, criadora de Leis infinitamente sábias e infinitamente justas.

bottom of page