Chico Xavier: O maior médium de todos os tempos
O Brasil é um verdadeiro celeiro de médiuns psicógrafos. Poderíamos citar aqui vários nomes de médiuns sérios tais como Divaldo Pereira Franco, Carlos Baccelli, Celso de Almeida Afonso e muitos outros. Porém utilizaremos como fonte de nossos estudos aquele que é considerado como o maior fenômeno mediúnico de todos os tempos: Francisco Cândido Xavier, nosso ”Chico Xavier”.
A obra de Chico é simplesmente colossal e impressionante, sendo difícil sequer fazer um resumo da mesma. Ele psicografou por sete décadas, ininterruptamente. Foram lançados mais mais de 400 livros por ele psicografados, que venderam mais de 40 milhões de exemplares, cujos direitos autorais foram todos doados. Chico psicografou milhares de mensagens, muitas em línguas que ele sequer conhecia. Nas mensagens recebidas, encontram-se detalhes que somente a família da pessoa falecida conhecia, tais como acontecimentos, nomes, apelidos, etc. Nenhuma fraude jamais foi comprovada.
Em minhas pesquisas sobre a Reencarnação e a continuidade da vida após a morte, visitei a cidade de Pedro Leopoldo, onde Chico nasceu, e Uberaba, cidade onde o médium viveu no período de 1959 até sua morte em 2002. Em ambas as cidades conversei com pessoas que conviveram décadas com o Chico e pude constatar, em seus relatos, a autenticidade e a grandeza da obra do médium mineiro.
À época em que Chico psicografava, milhares de pessoas que haviam perdido entes queridos costumavam viajar até Uberaba, muitos deles vindo de milhares de quilômetros, em uma cansativa viagem de carro ou ônibus, na esperança de conseguir um mensagem. Pessoas de todas as religiões, muitos inclusive que sequer acreditavam anteriormente na possibilidade de continuidade da vida após a morte, porém foram convencidos da autenticidade das mensagens recebidas, não apenas pelos detalhes mencionados nas mesmas, mas também pela linguagem peculiar dos entes queridos que se encontravam agora em uma outra dimensão espiritual.
Chico foi, desde o início de seu trabalho mediúnico, perseguido implacavelmente por céticos e pessoas ligadas a outras religiões que, não aceitando tais comunicações, e não tendo como explica-las, maldosamente espalhavam calúnias, dizendo que ele possuía “assessores” que verificavam, antes da sessão mediúnica onde as mensagens seriam recebidas, junto aos parentes dos falecidos, os detalhes pessoais que seriam então supostamente “acrescentados” às mensagens.
Porém tal acusação pode ser facilmente desmentida simplesmente pela inviabilidade logística da mesma. Considerando a imensa quantidade de pessoas que afluíam às sessões psicográficas de Chico, seriam necessários dezenas de “assessores”, com “papel e caneta” na mão, a consultar as centenas de pessoas que se aglomeravam antes do inicio das sessões, anotando o nome da pessoa falecida e todos os detalhes relacionados à mesma. Em seguida, tal informação precisaria ser repassada ao médium e o mesmo precisaria “memorizar” cada detalhe de cada pessoa, para ser então inserido em cada mensagem. No entanto, as sessões de psicografia de Chico eram longas, então ele teria que possuir uma memória extraordinária para realizar tal feito, sem mencionar a velocidade com que as mensagens eram psicografadas, o que tornaria tal processo completamente inviável.
Segundo o médium Carlos Baccelli, que conviveu 25 anos com Chico, ele psicografava cerca de 7 a 10 cartas por sessão, que eram realizadas 3 vezes por semana, totalizando então aproximadamente 100 mensagens por mês! Se analisarmos a quantidade de detalhes específicos contidos em tantas mensagens, tais como nomes, apelidos, datas e informações especificas de cada caso, e o fato de que na época sequer havia internet para que as mesmas fossem pesquisadas, além de que muitas informações eram de conhecimento exclusivo da família ou até mesmo nem a família as tinha, então chegaremos à conclusão da inviabilidade de qualquer farsa.
Por outro lado, se levarmos em consideração a forma como o Chico foi, durante décadas, rigidamente monitorado por pessoas ávidas em encontrar a menor falha, para que pudessem assim desacreditar todo seu trabalho, se realmente tivesse havido qualquer esquema fraudulento, o mesmo teria sido com certeza descoberto e amplamente divulgado. Porém isto jamais aconteceu, para tristeza daqueles que simplesmente querem combater uma verdade que não pode ser oculta.
O primeiro livro psicografado por Chico Xavier foi “Parnaso de Além Túmulo”, em 1932. Este livro trazia, em sua primeira edição, um conjunto de 60 poemas atribuídos a 14 poetas já falecidos: Augusto dos Anjos, Auta de Souza, Bittencourt Sampaio, Casimiro de Abreu, Casimiro Cunha, Castro Alves, Cruz e Sousa, Pedro de Alcântara e Sousa Caldas -; quatro portugueses - Antero de Quental, Guerra Junqueiro, João de Deus e Júlio Diniz - e um poeta anônimo denominado "Um desconhecido".
A cada edição, porém, o livro foi incorporando novas composições e novos poetas, até que em sua 6ª edição em 1955, estabilizou-se com 259 poemas atribuídos a 56 autores que se manifestaram através do médium, com suas características e estilos próprios, alguns inconfundíveis.
Como não poderia ser diferente, críticos ávidos apressaram-se a contestar que os poemas haviam realmente sido escritos pelos espíritos dos poetas. A alegação dos mesmos era de que Chico lia muitos livros e possuía uma “memória prodigiosa” e, assim, conseguia “imitar” o estilo dos poetas. Porém, se considerarmos que, à época do lançamento de “Parnaso de além tumulo”
Chico, que era uma pessoa extremamente simples e humilde, tinha apenas 21 anos de idade e apenas a 4ª. Série primária, veremos que seria completamente impossível atribuir uma obra de tal envergadura literária a ele mesmo.
Mesmo assim, supondo que o Chico tivesse realmente esta habilidade, de criar poemas de tal nível, imitando perfeitamente o estilo dos principais poetas brasileiros, e tal obra fosse fruto de sua própria criação, com certeza ele mesmo teria que ser considerado como um dos maiores poetas do Brasil, senão o maior de todos, pois teria o domínio do estilo de todos os melhores poetas de nossa história!
O pesquisador Alexandre Caroli Rocha, doutor em teoria e história literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) analisou, em seu mestrado, o primeiro livro publicado pelo médium, Parnaso de além-túmulo.
Seu estudo considerou os aspectos estilísticos, formais e interpretativos dos poemas e concluiu que a antologia não era um produto de imitação literária simples. Rocha descobriu, por exemplo, que Guerra Junqueiro (1850-1923), um dos autores mortos, assinava a continuação de um poema inacabado em vida. Não havia indício de que Chico tivesse tido acesso ao poema antes de psicografar sua continuação.
No doutorado, Rocha concluiu que Chico reproduzia perfeitamente o estilo do popular escritor Humberto de Campos (1886-1934). Nos textos que saíam da ponta de seu lápis havia, segundo Rocha, um estilo intrincado e sofisticado, detectável apenas por aqueles que conhecem bem Humberto de Campos. Muitos dos textos atribuídos a Campos continham informações que estavam fora do domínio público. Encerradas num diário secreto, tais informações só foram reveladas 20 anos depois da morte de Campos e do início da produção mediúnica de Chico.
Conversando com alguém que conheceu Chico
Tive a oportunidade de, por duas vezes, Em 2013 e 2015, visitar Pedro Leopoldo, cidade onde Chico nasceu, onde tive a satisfação de conhecer o Sr. Hélcio Marques, curador de uma casa em que Chico morou durante muitos anos e hoje foi transformada em um espaço à sua memória. Hélcio recebe a todos os que visitam a casa com muito carinho e, em minha visita, conversamos sobre sua história com Chico Xavier.
O Chico ajudava a família de Hélcio desde que ele era muito pequeno, órfão de pai e com muitos irmãos. Chico ajudou sua família por onze anos, levando alimento e dinheiro à sua mãe, assim como fazia com todas as viúvas de Pedro Leopoldo que passavam por necessidade.
Hélcio tinha uma doença chamada bronquite asmática. Esta doença o impedia de ser uma criança normal, não podia jogar bola com outros meninos, e sua alimentação era muito restrita. Foi coroinha dos 8 aos 17 anos e estava se preparando para ser sacerdote da Igreja Católica até que um certo dia o Chico, que havia acabado de chegar de Uberaba para uma visita a Pedro Leopoldo, mandou chama-lo. Hélcio achou estranho, pois ele era católico e inclusive estava com as malas prontas e passagem comprada para ingressar na Ordem Sacerdotal dos Beneditinos em Araraquara, SP.
Ao chegar à casa de Chico, sentaram-se um ao lado do outro. Chico colocou sua mão esquerda em seu ombro esquerdo e sua mão direita em seu peito. De sua mão esquerda escorria éter e, da direita, perfume de rosas. Segundo Hélcio, sua camisa ficou toda ensopada. A partir daquele momento, ele ficou completamente curado da doença.
Em seguida, o médium disse que ele já havia sido padre em cinco vidas anteriores e que, nesta encarnação, precisaria ser diferente. Hélcio ficou então indeciso sobre qual caminho seguir e, após pensar por três dias, decidiu seguir a Doutrina Espírita, onde permanece até hoje.
Em Pedro Leopoldo ou Uberaba é possível encontrar muitas pessoas que conheceram o médium, e cada uma delas tem uma história linda para contar, do inestimável legado deixado por Chico Xavier.
Conclusão
O exemplo incontestável de moral deixado por Chico Xavier, durante seus 75 anos de trabalhos ininterruptos como médium, representam um desafio invencível a seus críticos. Embora pudesse ter usufruído de uma vida de conforto e luxo, Chico preferiu doar todos os direitos autorais dos livros publicados em prol dos necessitados, vivendo até os 92 anos uma vida de simplicidade e humildade.
Praticando sempre a caridade, jamais acumulou bens e riquezas, jamais criticou nem julgou outras religiões ou aqueles que o perseguiam ferozmente. Foi um dos maiores exemplos da prática do cristianismo de nossos tempos! O trabalho por ele deixado representa uma das maiores evidências da existência da vida após a morte e da possibilidade de comunicação dos com os espíritos daqueles que habitam o plano espiritual.