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Pesquisa sobre a autenticidade de mensagens psicografadas por Chico Xavier
(Universidade Federal de Juiz de Fora - MG)

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizou em 2011 uma pesquisa científica em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), onde foram analisadas 99 informações contidas em 13 mensagens psicografadas pelo médium Chico Xavier, atribuídas a Jair Presente, morto por afogamento em 1974. A pesquisa, que concluiu que as informações contidas nas mensagens era verídica, foi publicada na revista científica “Explore”.

 

A metodologia de pesquisa incluiu entrevistas com familiares de Jair e constatou que as cartas continham datas, nomes de pessoas e descrição de situações que não eram de conhecimento do médium.

 

Segundo o psiquiatra Alexander Moreira Almeida, orientador da pesquisa, a probabilidade de Chico Xavier ter tido acesso a grande parte destas informações por vias convencionais era extremamente remota. Algumas delas, inclusive, eram até mesmo desconhecidas dos familiares que visitaram Chico Xavier na época para obter as cartas psicografadas.

Esta pesquisa foi o tema de pós-doutoramento  dos pesquisadores Denise Paraná e Alexandre Caroli Rocha e, através da metodologia usada neste estudo, poderão ser analisadas as cartas psicografadas por outros médiuns. Veremos a seguir os relatos do Dr. Alexander Moreira-Almeida e da Dra. Elizabeth Schmitt Freire, que participaram do estudo.

 

 

 

 

 

 

Dr. Alexander Moreira-Almeida (Prof. De psiquiatria da Faculdade de Medicina UFJF, Diretor no NUPES (Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde)

“A mediunidade é uma experiência em que o indivíduo alega estar sob a influência ou sob o controle de uma entidade não material, ou seja, um ser espiritual. Do ponto de vista científico, um dos aspectos extremamente interessantes são indivíduos que alegam estar sob influência de pessoas já falecidas. O que nós procuramos fazer foi investigar se efetivamente um médium é capaz de obter este tipo de informação que não teria acesso por meios normais.

Para checar a veracidade da informação, e que tipo de acesso que o Chico Xavier teve a informações, nós entrevistamos os familiares da pessoa relacionada, buscamos também identificar documentos que comprovassem aquelas informações, registros de nascimento, certidão de óbito, recortes de jornal, pesquisamos também em bibliotecas de Uberaba, por exemplo, para ver se o Chico Xavier teria tido acesso a estas informações em jornais ou periódicos daquela época (lembramos que naquela época não havia internet).

 

Ao longo das cartas nós identificamos 99 itens específicos de informação como, por exemplo, o nome de familiares, locais, circunstâncias de vida, circunstâncias de morte, etc. Um dado que também chama muito a atenção é o fato de que havia algumas das situações em que as informações fornecidas por Chico Xavier eram desconhecidas mesmo dos familiares que foram até ele obter estas cartas. Apenas posteriormente os familiares verificaram estas informações como corretas.

Em resumo, a principal conclusão do nosso estudo foi que o Chico Xavier foi capaz, nestas cartas investigadas, de produzir informações verídicas, informações precisas, sem que possamos identificar meios habituais pelos quais ele poderia ter tido acesso a essas informações, ou seja, é muito pouco provável que tenha havido fraude, indução, sugestionabilidade, ou mesmo a capacidade de imaginar o que o individuo pensa ou está sentindo baseado nas suas reações corporais ou emocionais.

Restam então algumas outras possibilidades: De que o Chico teria tido acesso telepático à mente daqueles indivíduos que estavam ali, mas por outro lado chama a atenção que algumas informações nem os indivíduos que estavam alí possuíam. Existe também uma outra possibilidade de que a consciência daquele indivíduo, mesmo não estando ligada efetivamente ao corpo do indivíduo falecido, poderia de alguma forma estar ativa e ser capaz também de se comunicar através do Chico Xavier, mas este é um tema extremamente polêmico, que precisa ser mais investigado. Nosso grupo tem realizado novas investigações, assim como também outros grupos no exterior.”

Dra. Elizabeth Schmitt Freire (pesquisadora da NUPES – UFJF)

“A investigação rigorosa da mediunidade pode contribuir de uma forma muito significativa para a compreensão da natureza da mente e da relação mente-cérebro. Uma das modalidades psicográficas do Chico Xavier eram as chamadas cartas familiares, cuja autoria era atribuída a pessoas falecidas e eram dirigidas aos seus familiares em luto.

O objetivo de nosso estudo foi investigar a exatidão das informações transmitidas nas cartas familiares do Chico Xavier e explorar as possíveis explicações para o acesso do médium a essas informações. Para este estudo, nós analisamos 13 cartas, cuja autoria foi atribuída a Jair Presente. Estas cartas foram psicografadas pelo Chico Xavier durante os anos de 1974 e 1979.

 

Nós analisamos estes itens utilizando duas escalas: A “escala de concordância” avalia a concordância destas informações com os fatos, e a “escala de vazamento” avalia a probabilidade de estas informações  terem sido transmitidas ao médium por vias convencionais, por exemplo através da conversa com familiares, leitura de artigos de jornais, etc. Identificamos que 97% deste itens possuem uma concordância clara e precisa com os fatos; não houve nenhum item incorreto e apenas dois itens tiveram uma concordância imprecisa.

Além disso, muitas informações eram bastante específicas como, por exemplo, nomes, sobrenomes, datas, descrição de eventos específicos e referências a sentimentos e pensamentos bem íntimos de familiares e amigos do Jair. Uma das explicações mais comuns para o acerto das comunicações mediúnicas, é que o médium faria afirmações muito genéricas, muito vagas, que seriam verdadeiras para quase todo mundo, ou que seriam interpretadas de diversas maneiras.

No entanto, não foi isso o que encontramos nas cartas do Chico Xavier, pois a maioria das informações eram bastante específicas.

Nós também investigamos a hipótese de que o Chico Xavier tivesse “plantado” assistentes junto às famílias presentes à sessão, para “puxar conversa” com o objetivo de obter informações e assim passar ao médium, mas nós consideramos esta hipótese muito implausível, não apenas pelo grande número de pessoas presentes às sessões, mas também porque grande parte destas informações eram muito íntimas  , e algumas até desconhecidas dos familiares presentes como, por exemplo, a informação de que uma tia da mãe do Jair já tinha falecido.

 

Os resultados deste estudo enfatizam a necessidade de continuarmos nesta linha de investigação, explorando hipóteses não convencionais e perspectivas não materialistas sobre a natureza da consciência e da relação “mente-cérebro”. Uma limitação de nosso estudo foi o fato de basearmos nossa análise principalmente nas memórias dos familiares em relação aos eventos ocorridos durante a produção dessas cartas psicografadas. Por este motivo, estamos agora iniciando um novo estudo, onde o acesso do médium às informações será rigorosamente controlado pelos pesquisadores.”

Rocha AC, Paraná D, Freire ES, Lotufo Neto F, Moreira-Almeida A. Investigating the fit and accuracy of alleged mediumistic writing: a case study of Chico Xavier’s letters. Explore 10(5):300-8, 2014

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