Respostas às principais tentativas de refutação da Lógica da Reencarnação
“Eu quisera, nos meus antagonistas, se não justiça para comigo, ao menos lógica na ligação entre as suas premissas e as suas conclusões.” (Rui Barbosa)
Ao longo de mais de 30 anos de estudos, pesquisas e debates relativos ao trabalho “A Lógica da Reencarnação”, tive a oportunidade de estudar uma enorme quantidade argumentações contrárias provenientes de diversas doutrinas religiosas. Porém devo dizer com toda a sinceridade que, até hoje, ao longo de todo este período, nunca encontrei uma refutação realmente digna de assim ser chamada, ou seja, embasada em conceitos rigorosamente lógicos, que viesse a invalidar a consistência de quaisquer dos argumentos contidos nas análises lógicas apresentadas nos capítulos anteriores, que são a base de todo este trabalho.
Como já vimos anteriormente, existe uma grande diferença entre “refutar um argumento” e simplesmente apresentar uma "opinião discordante", simplesmente baseada em um trecho bíblico ou na opinião pessoal de quem a emite. Para que realmente haja uma refutação, é necessário embasamento lógico, e a demonstração de que pelo menos uma das premissas que sustentam o argumento não seja verdadeira, ou então que não há uma inferência lógica entre as premissas que conduzam à conclusão.
Contudo, a grande maioria dos proponentes das “tentativas de refutação" apresentam as seguintes características:
1. Grande desconhecimento a respeito de lógica.
2. Grande desconhecimento do próprio tema “Reencarnação” e dos conceitos lógicos que o envolvem.
3. Total Incapacidade de apresentação de argumentos válidos e consistentes, construídos sob o rigor da lógica, estruturados em premissas verdadeiras com inferência lógica entre si que levem a conclusões verdadeiras.
4. Presunção de serem os “donos da verdade”.
5. Ausência de imparcialidade analítica e espírito investigativo devido ao apego a dogmas que consideram como verdades “absolutas e inquestionáveis”.
6. Predisposição para “converter” e “condenar”, ao invés de analisar e debater.
Em função disso, suas tentativas de refutação acabam tornando-se algo semelhante a uma “pregação”, onde limitam-se a expor suas crenças e sua Fé, deixando, porém, intactos, os argumentos lógicos que estão no centro de debate e que saem, portanto, mais fortalecidos.
Apresentarei abaixo algumas argumentações contrárias a este trabalho e as respostas às mesmas, para que o leitor possa tirar suas próprias conclusões.
Não é possível analisar Deus através da lógica humana
Esta afirmação contém uma contradição implícita em si mesma, pois a própria pessoa que afirma que “não é possível analisar Deus através da lógica humana” já está ela própria usando sua “lógica humana” para fazer tal afirmação, e assim chegar à conclusão de que“A lógica Divina é diferente da lógica humana”.
Da mesma forma, todas as religiões, sem exceção, também utilizam sua própria lógica “humana” para entender e interpretar as Leis de Divinas. Basta ver as centenas de ramificações das religiões cristãs , todas embasadas no mesmo livro, a Bíblia, porém com interpretações diferenciadas e muitas vezes totalmente antagônicas, cada uma delas se autoproclamando como a verdadeira “representante de Deus” na Terra. Isto demonstra que houve a aplicação de uma “lógica humana” própria, do contrário haveria uma visão única de todos aqueles que seguem o mesmo livro.
Por outro lado, o trabalho “A lógica da Reencarnação” não tem o objetivo de analisar a “Lógica Divina” mas sim em demonstrar as falhas existentes na própria lógica humana, que deu origem a interpretações contraditórias e inconsistentes, fundamentadas em uma interpretação literal da Bíblia. A lógica então é utilizada como uma ferramenta para a identificação destas contradições.
Através do “princípio da não contradição”, que define que é impossível algo “SER” e “NÃO SER” ao mesmo tempo, podemos enxergar as falhas contidas em tais doutrinas e nas interpretações humanas que apresentam Deus como “infinitamente justo”mas cometendo injustiças, ou então colocam tal Deus como “infinitamente misericordioso” mas deixando de perdoar, ou então afirmam que Deus “Jamais pratica o mal” e em seguida o descrevem massacrando inocentes e animais e incentivando até mesmo o estupro .
É esta “lógica humana” que está sendo analisada por nosso trabalho, não a Lógica Divina que consideramos ser infinitamente superior e não sujeita a estes tipos de imperfeições.
A Lógica é o caminho mais seguro para nos guiar em direção à verdade, ou o mais próximo dela. Podemos constatar, através do estudo da história da humanidade que, sem a Lógica, tornamo-nos reféns da “Fé cega” e de interpretações dogmáticas que não nos oferecem explicações coerentes.
O conceito da Justiça humana não pode ser aplicado à Justiça Divina, portanto são inválidos os estudos lógicos que analisam a Justiça de Deus baseados nos conceitos da Justiça humana.
Para o desenvolvimento de raciocínios lógicos precisamos trabalhar com conceitos claros e definidos, sem os quais se torna completamente impossível chegar a conclusões objetivas. Utilizamos neste trabalho o conceito básico de Justiça, que é “dar a cada um aquilo que é de seu merecimento". A própria Bíblia diz que “A cada um será dado conforme suas obras”, o que, aliás, combina perfeitamente com o conceito da “justiça humana”.
Desta forma, este conceito de Justiça não pode ser questionado, seja na justiça humana, seja na Justiça Divina, uma vez que o mesmo não é algo “abstrato”, mas bastante claro e facilmente entendível por qualquer pessoa de discernimento e habilidade básica de raciocínio.
Obviamente a Justiça humana é limitada se comparada à Justiça Divina. Porém, em assim sendo, deduz-se que a Justiça Divina tem que ser muito superior à Justiça humana! No entanto, as doutrinas cristãs tradicionais nos apresentam a Justiça Divina contendo falhas que praticamente não encontramos nem nos piores sistemas judiciários terrenos, tais como:
1. Punição de inocentes, o que contraria o preceito mais elementar da Justiça, fazendo com que pessoas paguem por erros de outros (Pecado Original).
2. Desigualdade na aplicação das penas, onde todos, sem qualquer distinção da gravidade dos delitos cometidos, pagariam exatamente com a mesma pena (punição eterna).
3. Falta de proporcionalidade na aplicação das penas, onde um erro praticado dentro de um espaço de tempo finito é punido com uma pena infinita.
4. Possibilidade de Impunidade, quando a Justiça Divina deixaria de ser aplicada, e os piores criminosos poderiam escapar de uma punição pelo fato de arrependerem-se antes da morte.
Como explicar este conjunto enorme de contradições? Portanto, a afirmação dos fundamentalistas de que Deus teria uma “Justiça diferente” é uma tentativa clara de “desqualificar” o próprio conceito de Justiça, para assim justificarem as incoerências encontradas na teoria que defendem.
Desta forma, a Justiça Divina, justamente por ser infinitamente superior à Justiça humana, não poderia jamais ter tais tipos de falhas.
Se não nos recordamos de nossas vidas passadas, então a Reencarnação não existe
Em lógica, esta afirmação é classificada como “falácia da ignorância” (Ad Ignorantiam), ou seja, quando se tenta refutar algo porque não podemos provar sua veracidade. Desta forma, o fato de não nos recordarmos de nossas vidas anteriores, não significa que não as tenhamos vivido.
Portanto, antes mesmo de qualquer análise mais profunda já podemos considerar este argumento como refutado, porém aproveitaremos para trazer um pouco de esclarecimento aos que buscam conhecer melhor a respeito da Reencarnação.
O esquecimento das experiências que tivemos em outras vidas deve-se ao fato de que tais memórias não estão registradas no cérebro físico de nosso corpo material, feito de “carne e osso”, mas sim na memória de nosso espírito, que é constituído de uma matéria muito mais sutil. Por isso delas não recordamos tão facilmente.
Portanto, verificamos queo esquecimento do passado é apenas temporário e ocorre enquanto estamos encarnados neste plano físico. Porém, uma vez liberto do corpo material, o espírito, já no plano espiritual e dependendo de sua evolução, pode ter acesso às memórias de suas vidas anteriores, analisa-las, e fazer um “balanço” de seus erros e acertos, enquanto se prepara para uma nova reencarnação, onde dará continuidade à sua evolução.
Como apresentado na parte III deste livro, que trata das evidencias materiais e cientificas, é possível, através da Terapia de Vidas Passadas (TVP), que é uma técnica utilizada hoje em dia em todo o mundo,acessar as recordações de nossas vidas anteriores, o que é indicado apenas para casos de tratamento de fobias ou transtornos psicológicos graves, e não apenas por mera curiosidade. Existem também milhares de casos documentados de crianças que tiveram recordações espontâneas de suas vidas passadas, trazendo detalhes que tiveram sua veracidade comprovada. Então todas estas pesquisas demonstram que acessar a recordação de nossas vidas passadas é possível !
Porém, analisemos: Se nós mantivéssemos nesta vida atual as recordações de todas as nossas vidas anteriores, não estaríamos vivendo uma “nova vida”, ou seja, continuaríamos vivendo a mesma vida de antes. Imaginemos o peso emocional do remorso que sentiríamos pelo mal que fizemos a outras pessoas e também a mágoa pelo mal que outros nos fizeram.
Devemos ressaltar que muitas destas pessoas a quem fizemos mal ou que nos fizeram mal no passado, hoje também podem estar reencarnadas como nossos filhos, irmãos, pais ou amigos, e o esquecimento do passado neste momento, ou seja, no contexto desta vida, é essencial para que possa haver uma reaproximação e, desta forma, a reparação e o perdão. Sem este esquecimento, tal reaproximação seria completamente impossível.
Portanto, ao analisar a dinâmica da doutrina reencarnacionista, percebemos que ela possui uma lógica perfeita. Cada vida representa apenas um ciclo extremamente curto na longa jornada evolutiva do espírito, e o fato de não nos lembrarmos temporariamente de nossas vidas passadas em nada compromete sua coerência.
Se não nos lembramos dos erros cometidos em vidas passadas, não é justo que paguemos pelos mesmos.
É extremamente irônico, além de obviamente contraditório, ver este argumento ser utilizado por alguns defensores da teoria do “pecado original”, que sustenta que pagamos pelos erros cometidos por Adão e Eva, pois, da mesma forma que não nos recordamos de vidas anteriores, também não recordamos do erro que teria sido cometido por Adão! Ora, se este argumento fosse consistente para invalidar a Reencarnação, também o seria para invalidar a própria tese do “pecado original” que os mesmos defendem!
Ainda pior: No caso do “pecado original”, estaríamos pagando por algo que não fizemos, o que seria uma enorme injustiça. No caso da Reencarnação não há injustiça, pois nossos sofrimentos têm sua origem em nossos próprios erros passados.
O fato de uma pessoa recordar-se ou não de ter cometido um delito não afeta de forma alguma a aplicação da Justiça. Podemos sustentar esta afirmação com a seguinte analogia: Imaginemos um criminoso que tivesse cometido vários crimes e que, à véspera de seu julgamento, fosse acometido de uma "amnésia" temporária, que, durante algum tempo, o impossibilitasse de se recordar dos delitos por ele cometidos. Assim, é levado ao tribunal, onde o Juiz, através de provas inquestionáveis, tem a certeza de sua culpabilidade.
Questionemos: Seria justo que o Juiz, levando em consideração sua amnésia, o absolvesse, deixando de aplicar a Lei e a Justiça? Seria relevante que o criminoso recuperasse sua memória para que o mesmo pudesse receber a pena merecida? Evidente que não. Se assim o fosse, todos os criminosos conseguiriam escapar impunes, bastando declarar “amnésia” dos atos ilícitos por eles cometidos. Da mesma forma, o fato de não nos recordarmos temporariamente de nossas vidas passadas não inviabiliza a Justiça Suprema.
Sob o ponto de vista reencarnacionista, cada vida é um período extremamente curto, apenas um ciclo na longa jornada do espírito, onde o mesmo pode corrigir seus erros e se aperfeiçoa tanto intelectual quanto moralmente.
Analisando diversos casos estudados de reencarnação, vemos o quanto é sábia a Lei Divina, ao permitir o esquecimento temporário do passado. Por exemplo, se nos lembrássemos de todas as dores provenientes de outras vidas,tanto das que nos causaram quanto das que causamos aos outros, tais lembranças nos perturbariam, tirando-nos as condições necessárias de reparação dos erros cometidos, que uma nova vida nos proporciona. Aliás, se assim fosse, se nos lembrássemos de tudo, não estaríamos vivendo uma nova vida, mas sim a mesma vida antiga, apenas em um corpo novo.
Portanto, concluímos que o esquecimento temporário de nossas vidas anteriores em nada inviabiliza a justiça Divina que permite que, através da reencarnação, possamos reparar os erros cometidos. Verdadeira injustiça ocorreria se não houvesse um motivo anterior que justificasse os sofrimentos humanos, ou se estivéssemos pagando pelos erros de outra pessoa.
Uma ofensa a um ser infinitamente perfeito requer uma punição infinita. Isto justifica as penas eternas
Podemos demonstrar que esta afirmação contém uma contradição implícita em si mesma. Vejamos: Se Deus é um ser infinitamente perfeito, então ele possui todas as qualidades em grau infinito. Desta forma, seu perdão é igualmente infinito. Sendo assim, podemos dizer que Deus perdoa infinitamente, ou seja, jamais deixará de perdoar. Mas o argumento afirma o contrário: Que Deus punirá eternamente, ou seja deixará de perdoar!
Ora, o infinito de uma qualidade exclui completamente a possibilidade da existência de uma qualidade contrária que a diminuiria ou a anularia. Sendo assim, se o perdão Divino deixasse de existir, sequer por um milésimo de segundo, não mais poderíamos considera-lo Perfeito. Porém, o argumento acima afirma exatamente o oposto, ou seja, que Deus, justamente por ser infinitamente perfeito, cometeria uma imperfeição (??). Isto é completamente contraditório e ilógico!
Um dos princípios mais básicos da lógica, a “Lei da não contradição” diz que algo não pode “ser” e “deixar de ser” ao mesmo tempo. Portanto Deus não poderia “perdoar infinitamente” e ao mesmo tempo “condenar eternamente”.
O próprio Jesus nos deixou o ensinamento de que devemos perdoar não apenas sete vezes, mas “setenta vezes sete”, ou seja, infinitamente. Ora, se nós, seres imperfeitos, precisamos perdoar infinitamente, como supor que o próprio Deus não fosse capaz disso? Neste caso seríamos mais perfeitos que o próprio Deus? Obviamente não faz sentido.
Desta forma, vemos como este argumento é completamente inconsistente e facilmente refutado pela lógica.
Se, através da reencarnação as pessoas estão constantemente evoluindo, tornando-se cada vez melhores do ponto de vista moral, o mundo não estaria também melhorando, tornando-se um lugar moralmente melhor?
O proponente desta análise demonstra um desconhecimento básico a respeito da Reencarnação: Os espíritos, após atingirem um certo nível evolutivo, não mais reencarnam neste Planeta, passando a evoluir em outros planos mais avançados, enquanto outros espíritos com menos evolução estão por sua vez apenas iniciando sua jornada no Planeta.
Desta forma a Terra pode ser comparada a uma grande escola, onde uns se formam e partem para escolas de níveis superiores, e outros estão apenas no início do caminho. Isto explica a existência ainda na Terra de espíritos em estágios inferiores de evolução.
Por outro lado, afirmamos que o mundo está sim evoluindo! Porém a evolução humana, assim como a evolução da natureza, é um processo extremamente lento e, para constatá-lo, precisamos de uma abrangência muito maior.
Paremos para pensar como era o mundo há apenas dois mil anos atrás, na época de Jesus. Naquela época poderia ser considerado algo absolutamente normal testemunhar pessoas sendo crucificadas ou executadas por apedrejamento, por motivos banais. Não havia um sistema de Leis e a Justiça era feita pelo mais forte: “olho por olho, dente por dente”.
Nem precisamos voltar tanto tempo na história para encontrarmos o triste período da escravidão, onde se acreditava que negros e índios sequer possuíam uma alma! Isto sem mencionar que as mulheres no passado não tinham praticamente direito algum.
Na idade média, qualquer um que discordasse das teses da Igreja seria considerado um Herege e queimado em praça pública! Então dizer que não houve ou não está havendo uma evolução moral é uma inverdade total. Em minha opinião é uma análise muito simplista e leviana.
Evidentemente hoje o mundo ainda não é o “Paraíso” com o qual todos sonhamos e ainda há muito a ser melhorado. Porém a ciência comprova que o planeta Terra têm aproximadamente 4 bilhões de anos e os mais antigos fósseis já encontrados de seres humanos datam de cerca de 3 milhões de anos. Portanto, qualquer análise coerente relativa à evolução humana na Terra precisa abranger um período muito maior do que apenas algumas décadas ou séculos.
Concluindo, constatamos que há sim, embora ainda muito lenta, uma gradativa evolução tanto moral quanto intelectual da raça humana. Porém, como já comentamos, a Terra é uma grande escola para a evolução dos espíritos, na qual enquanto alguns nela adentram ainda em estágios inferiores de evolução, outros, em estágios evolutivos mais avançados, não mais necessitam nela reencarnar, seguindo seu caminho infinito em Planos espirituais superiores.
“Se, de acordo com a Doutrina da Reencarnação, as pessoas, após atingir um nível evolutivo superior, deixam de reencarnar na Terra, a população mundial estaria diminuindo em vez de aumentar“
Muitos críticos da Reencarnação demonstram, através dos próprios argumentos que utilizam para criticá-la, seu desconhecimento básico arespeito do assunto. Este argumento é um exemplo deste desconhecimento, pois parte de um pressuposto errôneo: De que Deus criou os espíritos em um determinado tempo e depois parou de criá-los. Com certeza, se assim fosse, à medida que cada espírito fosse atingindo a perfeição e não mais necessitasse reencarnar, consequentemente a população no Planeta Terra diminuiria.
Porém, aqueles que se propuserem a estudar mais a fundo a Doutrina da Reencarnação antes de simplesmente criticá-la, encontrarão, através da Doutrina Espírita, na resposta à pergunta 80 do “Livro dos Espíritos”, a informação de que a criação de Espíritos é permanente. Portanto, esta informação, por si só, já “desmonta” a lógica do argumento e explica a razão de a população mundial “não estar diminuindo”.
Ora, se a criação de espíritos é contínua, sempre haverá novos espíritos iniciando sua jornada evolutiva na Terra, enquanto outros, em estágios superiores, nela não necessitarão mais reencarnar, exatamente como acontece em uma escola onde, ao mesmo tempo em que novos alunos iniciam no nível básico, outros estão se formando, indo para outras escolas de níveis superiores.
Da mesma forma como em uma escola, onde o número de alunos nunca diminui, devido aos novos alunos que nela entram, o mesmo ocorre com o Planeta Terra. Portanto este argumento usado para tentativa de refutação da Reencarnação é completamente inconsistente.
" Se a alma humana reencarna para pagar os erros cometidos em uma vida anterior, deve-se considerar a vida como uma punição, e não um bem em si”
Interessante observar que esta afirmação foi feita por alguém que defende a tese do “Pecado original”, ou seja de que já nascemos “em pecado”, pagando pelos erros cometidos por “Adão e Eva”. Ora, neste caso, se esta afirmação fosse válida para a Reencarnação, consequentemente seria também válida para a tese do Pecado original: A vida seria apenas uma punição, e nada mais!
E ainda assim, na teoria do “Pecado original” poderíamos acrescentar o agravante de que estaríamos pagando por algo que não fizemos! Algo totalmente contraditório com o conceito mais básico de Justiça que é “dar a cada um de acordo com seu merecimento".
Na Reencarnação não ocorre esta incoerência, pois recebemos somente aquilo que merecemos, de acordo com o que fizemos em vidas anteriores (Lei de causa e efeito).
Por outro lado, enxergar a vida apenas como uma “punição” demonstra um ponto de vista bastante estreito das coisas. Seguindo então esta linha de raciocínio, poderíamos dizer que, ao repetir o ano, um aluno estaria apenas “sendo punido” quando, na realidade, o repetente está recebendo uma nova oportunidade de adquirir os conhecimentos que deixou de adquirir em uma etapa anterior.
Desta forma a Reencarnação representa, acima de tudo, uma nova oportunidade, demonstrando não somente a infinita Justiça das Leis Divinas, que jamais permite que alguém pague sem merecer, quanto a infinita misericórdia Divina, que concede tantas chances quantas forem necessárias para que os espíritos atinjam sua evolução.
"Se a reencarnação fosse verdadeira, o nascer seria um mal, pois significaria cair num estado de punição, e todo nascimento deveria causar-nos tristeza”
Para melhor enxergarmos a ilogicidade desta afirmação, utilizaremos novamente a analogia de uma escola: “Se um aluno for reprovado e precisa repetir o ano letivo, isto seria um mal, pois significaria cair em um estado de punição, e isto deveria causar-lhe tristeza” (?).
Realmente não há a menor coerência em afirmar que receber uma nova oportunidade seria “um mal” ou até mesmo uma “causa de tristeza”. Muito pelo contrário: Receber uma nova oportunidade representa sempre uma bênção, uma causa de alegria e renovação!
A verdadeira causa de tristeza seria se não houvesse a Reencarnação, pois então:
1. Estaríamos nascendo já “em pecado”, sofrendo por algo que não merecemos.
2. Após a vida, em um suposto “Dia do Juízo”, se fôssemos “condenados”, receberíamos uma “Punição eterna”, sem nenhuma nova chance de recomeço.
Em ambas as hipóteses acima Deus estaria demonstrando imperfeições: Na primeira estaria sendo injusto ao fazer com que alguém pagasse pelo erro de outra pessoa (Pecado original) e na segunda estaria deixando de praticar o perdão, condenando alguém a uma pena eterna.
Através da Reencarnação, Deus possui uma justiça infinita, pois jamais fará alguém pagar por algo que não fez, assim como uma misericórdia infinita, pois jamais condenará alguém a uma punição eterna, concedendo a todos infinitas chances de redenção.
A Bíblia diz que os homens devem morrer apenas uma vez: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9:27), portanto a Reencarnação não existe
Antes de analisarmos esta passagem bíblica precisamos lembrar a respeito dos riscos em interpretar a Bíblia literalmente , sem uma análise lógica rigorosa. Se formos interpretar o trecho citado “ao pé da letra”, então podemos dizer que ele entra em contradição com outros trechos da própria Bíblia.
Por exemplo, a passagem bíblica que fala da “ressurreição de Lázaro”. Ora, se Lázaro já havia morrido e foi ressuscitado, voltou a viver, e um dia morreu novamente, então ele morreu “duas vezes”, o que entra em franca contradição à afirmação de que o homem “só poderá morrer uma vez”. Aliás, há outros casos na própria Bíblia de pessoas que foram ressuscitadas:
1. O filho da viúva, ressuscitado pelo profeta Elias “E o SENHOR ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu”. (I Reis 17: 17-22)
2. O filho da viúva da cidade de Naim, ressuscitado por Jesus: “Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te. O que estivera morto sentou-se e começou a falar (Lucas 7: 11-15),
3. A filha de Jairo, ressuscitada por Jesus: “E riam-se dele, sabendo que ela estava morta. Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou: Menina, levanta-te. E o seu espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer.” (Lucas 8: 53-55)
4. A discípula Tabita/Dorcas, ressuscitada por Pedro: “Pedro mandou que todos saíssem do quarto; depois, ajoelhou-se e orou. Voltando-se para a mulher morta, disse: "Tabita, levante-se". Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. “ (Atos 9: 36-41)
Todas as pessoas acima, de acordo com a Bíblia, morreram duas vezes! Como então explicar esta clara contradição com a passagem em Hebreus 9:27, que afirma que uma pessoa pode morrer apenas uma vez ?
Realmente, todos morrem apenas uma vez (corpo físico), porém o espírito sobrevive à morte do corpo, não morre jamais! Em uma futura reencarnação, o espírito irá utilizar outro corpo e um dia este corpo também morrerá (apenas uma vez). Esta é a interpretação mais coerente.
A utilização deste trecho bíblico como “argumento” demonstra como os críticos da Reencarnação carecem de argumentos sólidos e precipitam-se em coletar qualquer trecho que aparentemente venha a invalida-la sem, no entanto submete-los ao crivo da razão e do raciocínio lógico.
A crença na Reencarnação faz com que as pessoas tornem-se acomodadas, uma vez que o fato de elas saberem que terão inúmeras oportunidades de renascimento faz com que venham a postergar seu aprimoramento espiritual para uma vida futura
Este argumento é baseado no pressuposto de que aqueles que acreditam na existência de apenas uma vida e em um “Dia do Juízo” após a mesma, irão se preocupar mais com seu aprimoramento espiritual, devido ao “temor” de uma condenação eterna, enquanto aqueles que acreditam na Reencarnação irão “acomodar-se”, pois sabem que terão novas oportunidades.
Porém, se seguirmos esta linha de raciocínio, poderíamos também dizer que aqueles que acreditam na existência de apenas uma vida e seguem as Doutrinas Cristãs tradicionais poderiam também “acomodar-se”, pois, segundo tais doutrinas, seria possível “escapar” de uma condenação eterna, simplesmente “arrependendo-se” antes da morte.
Desta forma as pessoas poderiam postergar seu aprimoramento espiritual até o fim de suas vidas, pois saberiam que, por piores que fossem suas ações em vida, teriam sempre a possibilidade de conquistar a “bem-aventurança eterna”, bastando para isso arrependerem-se no ultimo minuto.
Neste caso inclusive, ocorreria uma situação de “impunidade”, ou seja, a possibilidade de não responderem pelos maus atos praticados em vida. No caso da Reencarnação jamais é apresentada esta possibilidade, pois aqueles que nela acreditam sabem que jamais deixarão de pagar pelos erros cometidos em uma vida, mesmo que se arrependam.
Comparando mais uma vez a vida a uma grande escola, quais alunos teriam mais propensão a “acomodar-se”: Aqueles que soubessem que, no final do ano letivo, caso não conseguissem a aprovação, teriam que repetir o ano tantas vezes quantas necessárias até serem aprovados; ou aqueles que soubessem que, ao final do ano letivo, bastaria arrependerem-se de não ter estudado e seriam automaticamente “aprovados”, sem nenhum esforço?
Com certeza este segundo grupo de alunos teria maior probabilidade de se acomodarem, pois saberiam que existiria uma possibilidade de “impunidade” à sua falta de esforço, ao contrário do primeiro grupo de alunos que estariam cientes de que, enquanto não atingissem o nível de conhecimento necessário para sua aprovação, teriam que repetir o ano, quantas vezes fosse necessário.
Concluímos então que o fato de acreditar na Reencarnação, por si só, não faz com que uma pessoa “se acomode”. O desejo de aprimoramento espiritual é algo inerente a cada um, independente de crença. Encontramos dentro de qualquer religião pessoas que se dedicam ao aprimoramento espiritual e outras que o postergam. Portanto este argumento não possui qualquer consistência lógica.