A Reencarnação na Bíblia
"Ninguém verá o Reino de Deus se não nascer de novo" (João 3)
Como já abordamos anteriormente, a crença na Reencarnação é algo tão antigo quanto a humanidade, estando presente na cultura de diversos povos primitivos, entre eles os próprios Judeus. Podemos citar também o povo Essênio, entre os quais, segundo fortes evidências, Jesus teria vivido durante um período de sua vida.
Desta forma, fato é que os grandes mestres e iniciados tinham conhecimento a respeito da Reencarnação. Portanto, não é de se admirar que encontremos muitas referências à mesma na própria Bíblia, as quais sempre foram mantidas ocultas, por questões religiosas obvias.
Analisemos: Se na idade média a Igreja Católica condenava à morte na fogueira qualquer pessoa que simplesmente dissesse que a Terra girava em torno do Sol, evidentemente jamais toleraria a propagação da crença na Reencarnação, muito menos jamais permitiria qualquer tradução bíblica que a ela fizesse clara referência. Aliás, qual tradutor teria coragem de arriscar sua vida na época ao traduzir trechos bíblicos que fossem contrários à Doutrina da Igreja?
Aos que desejarem analisar em detalhes este assunto, aconselho a leitura do livro “Analisando as Traduções Bíblicas” do teólogo e professor universitário Severino Celestino da Silva, que apresenta a análise de vários originais de trechos bíblicos em Grego e Hebraico e a forma como os mesmos tiveram sua tradução adulterada para ocultar a palavra “Reencarnação”.
Analisaremos abaixo alguns trechos bíblicos nos quais a ideia da Reencarnação está claramente expressa.
"Ninguém verá o Reino de Deus se não nascer de novo"
João 3, 1-12: “Havia entre os fariseus um, chamado Nicodemos, dos mais importantes entre os judeus. Ele foi encontrar-se com Jesus à noite e lhe disse: “Rabi, bem sabemos que és um Mestre enviado por Deus, pois ninguém seria capaz de fazer os sinais que tu fazes, se Deus não estivesse com ele. Jesus respondeu: “Eu te afirmo e esta é a verdade; ninguém verá o reino de Deus se não nascer de novo”. Disse-lhe, Nicodemos: “Como pode nascer um homem já velho? Porventura poderá entrar de novo no seio de sua mãe e nascer?” Jesus respondeu: “Eu vos afirmo e esta é a verdade: se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus. O que nasce da carne é carne. O que nasce do Espírito é espírito! Não te admires do que eu disse: é necessário para vós nascer de novo. O vento sopra para onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem aonde vai. Assim é quem nasce do Espírito”. Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?
Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?
Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?
Alguns interpretam este trecho como se Jesus estivesse falando de um renascimento “através do Batismo”. Porém, se analisarmos rigorosamente a lógica do raciocínio apresentado no texto, é possível demonstrar que não era do batismo que ele falava.
Um detalhe importante na análise do texto é a dificuldade apresentada por Nicodemus para entender do que Jesus estava falando e sua reação de espanto. Ora, se Jesus estivesse lhe falando sobre o batismo, ele com certeza não teria tal dificuldade de entendimento. A prova disso é que ele, admirado, indagou a Jesus: “Como pode nascer um homem já velho? Porventura poderá entrar de novo no seio de sua mãe e nascer?” Ao que Jesus lhe responde: “Não te admires do que eu disse: é necessário para vós nascer de novo”.
Ainda assim não foi suficiente para que Nicodemos entendesse, e este indaga novamente: ”Como pode ser isso?, ao que Jesus, mais uma vez, desta vez com nítida ênfase, lhe diz: “Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?... Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?”.
Estas ultimas palavras de Jesus deixam bem claro que ele estava falando a respeito de algo que ainda estava fora do alcance de entendimento para as pessoas daquela época. Se fosse sobre o Batismo, não surgiriam tantas dúvidas, nem seriam necessárias tantas explicações. Há outras passagens bíblicas em que Jesus fala sobre o batismo sem a necessidade de explicações adicionais sobre o mesmo. Portanto, conclui-se que, com Nicodemos, Jesus falava a respeito de outra coisa. Por isso a dificuldade de entendimento que ele estava tendo.
Pela pergunta que Nicodemos fez “Se um homem poderia entrar no ventre de sua mãe novamente”, percebe-se que ele não tinha a menor ideia de como este renascimento poderia ocorrer e achava que o mesmo seria do próprio corpo. Então Jesus lhe explica que existem duas coisas: a carne (ou seja, o corpo) e o espírito, e “não é o corpo velho que irá nascer novamente”, mas sim o espírito.
Isto está claramente exposto nas duas comparações feitas por Jesus. A primeira: “se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus” (comparação entre água e espírito) e a segunda: “O que nasce da carne é carne. O que nasce do Espírito é espírito!”. (comparação entre carne e espírito). A correspondência entre as duas comparações é evidente.
Ora, se Jesus estivesse referindo-se ao batismo, como alguns interpretam equivocadamente, ao invés de usar a referência “carne e espírito”, deveríamos encontrar “batismo e espírito”. Desta forma ficaria claro que o termo “batismo” faria referência ao termo usado anteriormente “água”, enfatizando-o. Porém, o termo que encontramos para referir-se à “água” é “carne”. Conclusão lógica: “carne” = “água” (corpo físico).
A segunda comparação é claramente um reforço da primeira, o que é fácil de compreender,r porque Nicodemos não estava entendendo absolutamente nada do que Jesus queria dizer. Ou seja, seria o mesmo que dizer: “Entenda Nicodemos: água e espirito, ou seja carne e espirito!”. A referência, aliás, faz todo sentido, pois o corpo humano é constituído cerca de 75% de líquido, e ficamos nove meses dentro da água no ventre materno antes de nascermos, então literalmente “nascemos da água” e somos constituídos de água.
O trecho “O que nasce da carne é carne” deixa claro que é impossível um corpo de carne renascer entrando novamente no ventre materno, como a princípio pensou Nicodemos, e “O que nasce do Espírito é espírito!”, ou seja, o espírito sim pode nascer novamente em outro corpo.
E, para realçar ainda mais, completou dizendo que "o vento sopra para onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem aonde vai. Assim é que nasce o espírito". Ou seja, o espírito é invisível aos nossos olhos, assim como o vento, e não vemos quando ele se liga a um corpo para renascer! Por isso não reconhecemos uma pessoa que renasceu em outro corpo. Ora, se Jesus estivesse falando do batismo, esta parte final não teria sentido!
Recentemente, alguns tradutores bíblicos, muito provavelmente incomodados com a repercussão das análises que têm sido feitas a respeito deste trecho bíblico, e a forma como o mesmo deixa absolutamente claro a referência à Reencarnação, têm adotado uma nova tradução do termo “nascer de novo”, que durante dois mil anos foi assim traduzido, para “nascer do alto”. Na verdade, a palavra original em grego “anothen” pode significar tanto “de novo” como “do alto”.
No entanto, analisemos: Se Jesus tivesse lhe dito “nascer do alto” referindo-se ao batismo, Nicodemus não teria tido qualquer dificuldade em entendê-lo. Porém Nicodemos pergunta: “como um homem poderia entrar de novo no ventre de sua mãe e nascer?”. Esta indagação de Nicodemus indica inequivocamente que o sentido do que Jesus havia lhe falado era realmente “nascer de novo”.
Portanto, se analisarmos o trecho acima de forma absolutamente imparcial e desapegados de qualquer dogma, constataremos que o conceito da Reencarnação é o que realmente lhe dá um sentido lógico. Apenas uma vida é um período de tempo extremamente curto a fim de que possamos atingir uma perfeição espiritual suficiente para merecermos o “Reino de Deus”.
Portanto, são necessários muitos renascimentos para que, através da lenta e gradativa evolução de nossos espíritos, possamos um dia atingir níveis espirituais superiores e desta forma não mais necessitemos reencarnar na matéria.
Quem dizem por aí as pessoas que é o Filho do homem?
“Tendo chegado à região de Cesáreia de Felipe, Jesus perguntou aos discípulos: “Quem dizem por aí as pessoas que é o Filho do homem?” Responderam: “Umas dizem que é João Batista; outras, que é Elias; outras, enfim, que é Jeremias ou algum dos profetas” ( Mateus 16, 13-14 )
Esta passagem demonstra mais uma vez o fato de que a ideia do renascimento era amplamente difundida entre os Judeus. Ora, analisemos: Se os discípulos ponderavam que Jesus poderia ser a reencarnação alguém que já havia morrido antes, isso demonstra, de forma inequívoca, que a ideia da Reencarnação não era algo estranho ou absurdo a eles, do contrário jamais iriam sequer cogitar sobre isso, ainda mais com seu próprio mestre!
Por outro lado, se a crença na Reencarnação fosse algo “condenável”, como muitos fundamentalistas tentam fazer acreditar, Jesus prontamente os teria repreendido ou censurado naquele momento, o que não ocorreu.
Elias já veio e não o reconheceram...
“Os discípulos lhe perguntaram: “Por que dizem os escribas, que Elias deve vir antes?” Respondeu-lhes: ... eu vos digo que Elias já veio e não o reconheceram... Então, os discípulos compreenderam que Jesus lhes tinha falado a respeito de João Batista”. Mateus (17, 10-13)
O próprio Jesus disse que Elias veio antes e não foi reconhecido. Qual a razão de não ter sido reconhecido? Evidentemente porque estava em outro corpo! ("O vento sopra para onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem aonde vai. Assim é quem nasce do Espírito" João 3, 1-8) Então vemos que não somente os discípulos falavam sobre a possibilidade de uma pessoa renascer em outro corpo, mas também o próprio Jesus! E o trecho “Então, os discípulos compreenderam que Jesus lhes tinha falado a respeito de João Batista” demonstra, de forma inequívoca, que os discípulos compreenderam que João Batista era o próprio Elias reencarnado.
O fato de o próprio João Batista ter negado ser a Reencarnação de Elias, quando questionado por sacerdotes e Levitas (João 1:21) é irrelevante, uma vez que, quando reencarnados, não nos lembramos de nossas vidas anteriores "Porque nós somos de ontem, e nada sabemos. (Jó 8: 8,9)"
As palavras de Jesus então são muito claras e não deixam margens a dúvidas: “E, se quiserdes compreendê-los, João é o Elias que estava para vir. Quem tem ouvidos, que escute bem”. (Mateus 11, 14-15:)
"Tornai, filhos dos homens..."
"Tu reduzes o homem ao pó, e dizes: Tornai, filhos dos homens, pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi" (Salmo 90, 3-4)
Mais uma passagem que claramente faz referência ao retorno à vida física. O verbo "Tornar" não pode ser interpretado de forma diferente. Seu significado é "retornar", "voltar para onde estava", isto é, o retorno ao "pó", à matéria.
Em seguida a menção ao período de “mil anos”, dizendo que, para Deus, tal período de tempo “são como o dia de ontem”, ou seja, são um período de tempo extremamente curto. Desta forma, juntando o significado das palavras em um relacionamento lógico, poderíamos resumi-lo desta forma “Retornem à matéria, filhos dos homens, porque mil anos para Deus é um período tão curto quanto o dia de ontem”!
O texto deixa claro que é necessário retornar, porque mil anos poderiam ser comparados a apenas um dia na jornada evolutiva do espírito! Por isso precisamos nascer novamente, pois o reduzido espaço de uma vida não é suficiente para se atingir a perfeição espiritual
"Porque nós somos de ontem, e nada sabemos...”
“Pois, eu te peço, pergunta agora às gerações passadas; e prepara-te para a inquirição de seus pais. Porque nós somos de ontem, e nada sabemos; porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra. (Jó 8: 8,9)
Mais uma passagem que praticamente dispensa comentários. Realmente, somos de ontem, tivemos inúmeras vidas passadas, mas no momento não sabemos, pois neste corpo atual não conseguimos recordar de nossas reencarnações anteriores uma vez que nosso cérebro físico contém apenas as memórias registradas desde o nosso nascimento.
Porém, se formos submetidos a uma regressão de memória através de uma hipnose, podemos acessar memórias de vidas anteriores, como a ciência têm demonstrado em milhares de casos documentados, como apresentado na parte III deste livro, no capítulo “Terapia de vidas passadas”.