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    Ilogicidade da Maldade Divina

Seria possível, através de um pensamento rigorosamente lógico e consistente, definir Deus como sendo um ser absolutamente Perfeito, possuidor de amor e misericórdia infinitos e, ao mesmo tempo, atribuir-lhe atrocidades terríveis, tais como mandar assassinar seres inocentes como animais, estuprar mulheres e trucidar crianças à espada ainda no ventre materno? Obviamente, através da lógica não!

Como vimos no capítulo “Noções básicas de lógica”, a Lei da não contradição demonstra que algo não pode “SER” e “DEIXAR DE SER” ao mesmo tempo. Portanto Deus não poderia ser “infinitamente bom” e ao mesmo tempo ter qualquer grau de maldade, pois o infinito de uma qualidade exclui completamente a possibilidade da existência de uma qualidade contrária que a diminuiria ou a anularia.

Porém os fundamentalistas não são guiados pela lógica, mas sim pela interpretação literal de um livro considerado sagrado que jamais deve ser questionado. No entanto, o próprio livro sagrado Cristão, a Bíblia, é contraditório a respeito da maldade Divina. Em alguns trechos, o texto bíblico confirma a bondade de Deus:

 

“O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias são sobre todas as suas obras.” (Sl 145:9) 

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Não se pode nem pensar que Deus faça o mal, que o Todo-Poderoso perverta a Justiça.” (Jó 34:12)

 “O Senhor é cheio de misericórdia e compaixão“(Tg 5:11) 

 

Porém, em outros trechos, atribui a Deus ações do mais alto grau de maldade, que entram totalmente em contradição com a visão de um Deus infinitamente perfeito e cheio de misericórdia e compaixão:

 

1. Deus dá ordens para matar homens, mulheres, crianças e inclusive animais:

“Vai agora e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver. Nada lhe poupes; matarás a homens e mulheres, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos. (1Sm 15:3) 

 

2. Deus ameaça esmagar filhos na frente dos pais e violentar mulheres na frente dos maridos

“No dia em que eu, o SENHOR Todo-Poderoso, mostrar a minha ira e o meu furor, farei com que os céus tremam e com que a terra saia do seu lugar (...) Os que forem alcançados e forem presos serão mortos à espada. Diante dos seus próprios olhos, os seus filhos serão esmagados, as suas casas serão assaltadas, e as suas mulheres, violentadas.” (Isaías 13)

 

3. Deus dá ordens para matar até mesmo mulheres grávidas

“Seus arcos ferirão os jovens, e eles não terão misericórdia dos bebês, nem olharão com compaixão para as crianças". (Isaías 13, 18)

“Cairão à espada, seus filhos serão despedaçados, e as suas mulheres grávidas serão abertas pelo meio.” (Os 13:16)

 

4. Deus dá ordens para cada um matar seu irmão, seu amigo e seu vizinho:

“...Eis aqui o que diz o Senhor Deus de Israel: Cada um cinja a sua espada sobre a sua coxa: passai, e tornai a passar de porta a porta pelo meio do campo; e cada qual mate a seu irmão, a seu amigo, e a seu vizinho”. (Êxodo 32, 27)

 

5. Moisés, seguindo instruções diretas de Deus, dá ordens a seus soldados para matar homens e crianças, mas para reservar para eles as meninas virgens. Neste caso Deus então estaria incentivando o estupro das meninas que passariam a ser escravas daqueles soldados que mataram seus pais:

“Agora, pois, matai todo o homem entre as crianças, e matai toda a mulher que conheceu algum homem, deitando-se com ele. Porém, todas as meninas que não conheceram algum homem, deitando-se com ele, deixai-as viver para vós. (Números 31, 17-18)

 

A grande questão que surge é: Como sustentar que um Deus infinitamente misericordioso pudesse ordenar as atrocidades e carnificinas descritas em tais passagens bíblicas? Se Deus assim procedesse, poderíamos seguramente compará-lo aos maiores tiranos sanguinários da história, tais como Hitler e Stalin. Na verdade seria mesmo pior do que eles, pois tal Deus é quem deveria dar o exemplo maior de misericórdia e amor.

Na parte II deste trabalho, no capítulo “O perigo do fundamentalismo”, abordamos a forma como os líderes políticos utilizavam-se da religião, e impunham-se como uma autoridade diretamente nomeada por Deus, para assim poderem conseguir controlar um povo violento, em uma época em que simplesmente não havia leis. Então eram dadas ordens para massacrar e exterminar completamente um povo vizinho, inclusive mulheres, crianças e animais, e estas ordens não poderiam ser contestadas, pois viriam do próprio Deus.

Quando um líder religioso se impõe como representante direto de Deus, seu poder é total e absoluto e todos temem questioná-lo devido ao temor da “Ira” de um Deus violento e vingativo.

Contudo, nos tempos modernos, precisamos ter coerência e discernimento para estudar a história da humanidade de forma independente e não dogmática, sem medo de questionar conceitos que, para qualquer um que tenha um conhecimento mais básico de lógica, são absurdamente contraditórios.

Portanto, mais uma vez realçamos os perigos em aceitar um texto que está escrito na Bíblia ou em qualquer outro livro considerado "sagrado" como “verdade absoluta”, sem expor o mesmo à luz da lógica e da razão.

 

Análise do argumento lógico:

Premissa 1: Deus é infinitamente perfeito, portanto possui todas as virtudes, entre elas a bondade, em grau infinito.

 

Premissa 2:  O infinito de uma qualidade exclui completamente a possibilidade da existência de uma qualidade contrária que a diminuiria ou a anularia.

 

Conclusão: Deus jamais poderia praticar ou ordenar a prática de qualquer ato de maldade. Caso o fizesse, uma de suas virtudes, a bondade, não seria mais infinita, e Ele não poderia ser considerado Perfeito.

Para refutarmos o argumento acima através da lógica, precisaríamos demonstrar que pelo menos uma das premissas é falsa ou que as premissas não levam à conclusão, ou seja, precisaríamos realizar pelo menos uma das opções abaixo:

 

1. Demonstrar que a premissa 1 é falsa: Precisaríamos sustentar que Deus não é infinitamente perfeito, ou seja, que Ele pudesse possuir falhas ou limitações em quaisquer de suas virtudes.

2. Demonstrar que a premissa 2 é falsa: Precisaríamos demonstrar que seria possível uma qualidade ser “infinita” e, ao mesmo tempo, possuir uma parcela de uma qualidade contraria que viesse a diminui-la ou anula-la. Isto é obviamente impossível, pois, neste caso, tal qualidade teria uma limitação e não poderia mais ser considerada “infinita”.

3. Demonstrar que as premissas não conduzem à conclusão: A inferência lógica entre as premissas é inquestionável: Se Deus é perfeito, possuindo todas as virtudes, inclusive a bondade em grau infinito (premissa 1), e não é possível que uma virtude infinita possa ter qualquer limitação que a torne “finita” (premissa 2), consequentemente deduz-se inequivocamente que Deus jamais poderia ter a menor parcela de maldade, ou seja, jamais poderia praticar o mal. Caso assim o fizesse, seria imperfeito.

 

Como vimos, o argumento é Válido e Consistente. Portanto, mais uma vez a lógica demonstra como é perigoso interpretar um livro literalmente, fechando os olhos para a racionalidade e para a coerência.

 

Reencarnação: A demonstração da Infinita Benevolência Divina

 

 

 

 

 

Quando olhamos para o esplendor de um céu estrelado e contemplamos a imensidão do Universo, com seus bilhões de estrelas e galáxias, visualizamos uma imagem completamente diferente e infinitamente superior do Criador Supremo. É realmente muito difícil, senão completamente impossível, relacionar uma infinita Inteligência Cósmica, responsável pela criação de um universo tão magnífico, com a imagem do ser tão mal, sanguinário e vingativo, que nos é apresentado nas narrações Bíblicas.

 

A Doutrina Espírita nos apresenta uma visão completamente diferente de Deus, descrevendo os seus atributos como: “Único, Eterno, Imutável, Imaterial, Onipotente, Soberanamente Justo e Bom, Infinito em todas as perfeições”.

Não se consegue encontrar, na lógica da Reencarnação e da Doutrina Espírita, absolutamente nenhuma contradição a respeito de Deus, pois ela própria representa um caminho para o perdão Divino, que é infinito.

Sob nenhuma ótica em que seja analisada, a Doutrina Reencarnacionista apresentará Deus cometendo injustiças, praticando crueldades ou apresentando quaisquer tipos de falhas em suas virtudes infinitas, pois Ele criou Leis perfeitas que regem todo o universo com sabedoria e harmonia, sem que, portanto, precise intervir ou exercer qualquer tipo de maldade, vingança ou Ira como forma de controle.

Desta forma, podemos perfeitamente dizer que a Reencarnação, além de oferecer as explicações mais lógicas para a solução de todas as questões espirituais, é a Doutrina que apresenta uma visão mais compatível com a Infinita Benevolência Divina.

“Não se pode nem pensar que Deus faça o mal, que o Todo-Poderoso perverta a Justiça.” (Jó 34:12)

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