top of page
    Ilogicidade do Deus antropomórfico
“A forma como vemos Deus é uma reflexão direta da forma como enxergamos a nós mesmos: Se Deus nos traz à mente medo e culpa, isto significa que há muito medo e culpa dentro de nós. Se nós vemos Deus cheio de amor e compaixão, significa que nós somos assim. “(Shams de Tabriz)

O termo “Antropomórfico”, originado de duas palavras gregas: “anthropos” (homem) e “morphe” (forma), significa “aquilo que se parece ao humano, de forma semelhante ao homem”. As religiões Cristãs tradicionais têm uma visão antropomórfica de Deus, simbolizado popularmente por um “homem velho com longas barbas brancas”, e possuindo as principais características emocionais humanas tais como ira, arrependimento, desejo de vingança.

Segundo a concepção destas religiões, tal Deus seria extremamente severo e vingativo, capaz de ordenar o massacre de cidades e nações inteiras, incluindo até mesmo pessoas inocentes, crianças e animais e, mesmo assim, ser considerado “bondoso e misericordioso”.

 

Conforme demonstraremos em nossas “Análises lógicas” nos próximos capítulos, pode ser considerado totalmente ilógico e contraditório, pois, partindo do pressuposto de que tal Criador seria infinitamente perfeito, como as próprias religiões defendem, não poderia possuir a mais minúscula parcela de imperfeição, do contrário não poderia ser assim considerado. Na prática, o  Deus antropomórfico seria tão imperfeito quanto nós.

Em minha análise, quanto mais uma pessoa se torna consciente da grandeza do universo, mais se distancia desta visão antropomórfica de Deus. Na antiguidade, acreditava-se que a Terra era o centro de todo o universo, e as estrelas eram apenas pontinhos luminosos que enfeitavam o céu para nosso deleite noturno, sendo o Sol um ponto de luz que “giraria” em torno da Terra para iluminar o dia. Então era mais fácil imaginar um “Deus” que estivesse constantemente observando e “monitorando” o Planeta Terra, e a todo o momento interferindo nas vidas dos seres humanos, na maioria das vezes punindo-os com a severidade de um Pai austero, porém com um grau de crueldade incompatível com a visão de um Pai amoroso.

No entanto, nos dias de hoje, esta visão de um “Deus antropomórfico” é completamente incompatível com o conhecimento que temos a respeito da inacreditável grandeza do universo. Vejamos: Estima-se que a nossa galáxia, a Via Láctea, possui de 200 a 400 bilhões e estrelas. O Sol, que é a estrela mais próxima de nosso planeta, é apenas uma delas!

 

As distâncias entre as estrelas são tão grandes que em Astronomia nem são medidas em Quilómetros, mas em uma unidade chamada “Ano-luz”, que é a distância percorrida pela luz no período de um ano. Para se calcular a distância em quilômetros de 1 ano-luz, basta multiplicar o número de segundos existentes em um ano (31.536.000) pelo número de quilômetros que a luz percorre em um segundo (300.000) , e chegaremos à incrível distância de 94 605 284 000 000 000 000  de quilômetros!

Nossa galáxia, a Via-Láctea, tem um diâmetro aproximado de 100 mil anos luz!!! Isto significa que, , somente para cruzar a nossa galáxia de uma ponta a outra, viajando à velocidade da luz (300.000 km/s), levaríamos 100.000 anos! Para calcular a extensão em quilômetros de seu diâmetro, basta multiplicar a distância percorrida em um ano luz (94 605 quinquilhões de Km) por 100 mil. É uma distância praticamente inimaginável e estamos falando apenas de nossa Galáxia. Os astrônomos calculam que existam entre 100 bilhões a 200 bilhões de galáxias no universo!

Esta compreensão da extraordinária grandeza do Universo amplia a nossa visão de Deus e passamos a enxergá-lo como sendo uma Inteligência Criadora Universal infinita e imutável, e não como um “Deus antropomórfico”, sujeito a oscilações emocionais.

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, que é considerada ao mesmo tempo uma Filosofia, uma ciência e uma religião, oferece uma visão muito mais lógica e coerente de Deus, como sendo uma “Inteligência superior” que criou o universo e todas as leis que o regem.  

Uma destas leis, a que chamamos de “Lei de causa e efeito” ou “Lei de ação e reação” é a base de toda a lógica do funcionamento universal. Podemos compará-la ao que em física é conhecido como  a “Terceira Lei de Newton”, que afirma que quando um corpo (A) aplica sobre outro corpo (B) uma Força, ele receberá uma força de mesma direção, mas de intensidade e sentido opostos.

Assim como a Lei da Física, a Lei de Causa e Efeito faz com que todas as nossas ações, palavras e pensamentos gerem uma onda de energia que é lançada ao universo e retorna a nós com a mesma intensidade. Em outras palavras: Ao emitir pensamentos, palavras e atos positivos, receberemos em nossas vidas os efeitos positivos dos mesmos, da mesma forma que, ao emitir pensamentos, palavras e atos negativos, receberemos em nossas vidas seus efeitos negativos.

Entender esta Lei perfeita e imutável faz com que tenhamos uma visão infinitamente mais lógica a respeito de Deus e do Universo. Analisemos: Se Deus criou Leis perfeitas que regem a harmonia universal, então por que Ele precisaria ficar a todo o momento interferindo na natureza ou na vida das pessoas?

 

Por exemplo, se uma pessoa se joga do alto de um prédio, a própria Lei da gravidade fará com que tal pessoa caia e sofra as consequências deste ato. Deus não precisa interferir e “punir” tal pessoa.  

 

Esta visão nos leva a raciocínios muito mais profundos: Deus jamais pune ou recompensa ninguém! Nós mesmos somos os responsáveis pelo nosso próprio destino, recebendo milimetricamente de acordo com nossas ações, que estão submetidas à Lei perfeita que Ele criou.

 

Baseando nosso pensamento neste contexto, passaremos a compreender a “Lógica da Reencarnação”, pois, sem ela, não conseguiríamos obter uma explicação lógica para a causa dos sofrimentos humanos e para o nosso destino após a morte do corpo físico, conforme analisaremos detalhadamente  nos próximos capítulos.

bottom of page