top of page
Utilização da lógica na busca da verdade
“Não me sinto obrigado a acreditar que o mesmo Deus que nos dotou de sentido, razão e intelecto tenha a intenção que renunciemos ao seu uso. (Galileu Galilei)

Por que utilizar a lógica para analisar as Doutrinas religiosas e a própria Fé? Gostaria de responder esta pergunta com outra pergunta: “E por que não”? Por que não podemos questionar conceitos absolutamente contraditórios e que não oferecem explicações coerentes para as perguntas que ecoam dentro de nós? Se possuímos a inteligência, por que devemos ter medo de utilizá-la quando se trata do assunto “religião”? Por que devemos fechar nossos olhos e aceitar “cegamente” uma “verdade” sem expô-la à luz da razão e do raciocínio? Se algo que consideramos como “verdade” for realmente “verdadeiro”, não será desmentido pela lógica e pela razão porque a Verdade, seja ela qual for, jamais será ilógica, incoerente ou possuirá qualquer tipo de contradição. 

Os fundamentalistas religiosos que se apegam a Dogmas que consideram como “verdades absolutas e inquestionáveis”, costumam criticar o questionamento e o uso da inteligência na busca por um maior entendimento a respeito das questões espirituais e religiosas.

Porém analisemos a seguinte questão: “Por que Deus daria a nós, seres humanos, o dom da inteligência, se não pudéssemos utilizá-lo?”. Ter a inteligência e não utilizá-la seria a mesma coisa que ter uma lanterna e não acendê-la no meio da escuridão, com medo de enxergar as coisas que realmente estão ao nosso redor e descobrir que elas não eram exatamente como acreditávamos que seriam.

Esta proibição de utilizar a inteligência faz aflorar um outro questionamento: “A quem interessa que deixemos de analisar e questionar as coisas?”. Ora, se utilizarmos nossa inteligência para analisar uma teoria que acreditamos ser verdadeira, e comprovarmos, através de tal análise, sua veracidade; tal análise apenas nos confirmará aquilo em que antes acreditávamos. Ainda assim, se tal análise demonstrar que tal teoria não é verdadeira, ficaremos conhecendo então a verdade. Em ambos os casos, os verdadeiros buscadores da verdade sairão ganhando.

Então por que o medo? A verdade não teme ser submetida à análise da inteligência e da lógica, pois, não possuindo incoerências nem contradições, as mesmas a fortalecerão ainda mais; ao contrário da mentira que, ao ser submetida ao rigor lógico, terá suas incoerências e contradições expostas à luz da razão, e será finalmente desmascarada. Portanto, aqueles que temem o questionamento não buscam a verdade com sinceridade. Nosso compromisso deve ser com a busca da Verdade, seja ela qual for!

 

Da mesma forma como utilizamos nossas pernas para caminhar, os olhos para ver, ouvidos para ouvir, etc, precisamos utilizar a inteligência para analisarmos as informações que recebemos, compará-las, filtrá-las e, assim, podermos concluir qual delas é mais racional, mais lógica, mais consistente e, consequentemente, mais próxima da verdade, prque a verdade, seja ela qual for, jamais conterá incoerências nem contradições. A única ferramenta capaz de direcionar nossa inteligência na busca pela verdade é o raciocínio lógico.

 

“Se houvesse a necessidade de ocultar a verdade, Deus não abriria as cortinas do firmamento e nem nos permitiria conhecer a beleza das estrelas e a imponência dos planetas”. (Andrea Morinel )

Se analisarmos com profundidade, em todas as épocas da humanidade, quando havia divergências sobre a veracidade ou não de uma teoria, verificaremos que o que foi posteriormente aceito por todos como verdade já era, mesmo antes de ser comprovada pela ciência, a explicação mais lógica e mais coerente. 

Se não nos fosse permitido questionar e descobrir a lógica das Leis que regem o Universo, com certeza Deus não nos permitiria visualizar a imensidão das galáxias. Utilizando sua inteligência, o ser humano construiu telescópios potentes que vieram a derrubar os antigos dogmas de que a Terra era o centro do Universo e de que o Sol girava ao redor da Terra.

Esta teoria (Geocentrismo) surgiu a partir de uma premissa equivocada: De que Deus havia criado a Terra no centro do universo e que tudo, consequentemente. giraria em torno dela; e era defendida pela Igreja como verdade absoluta. Posteriormente, através da lógica e da ciência, foi demonstrado o contrário. O matemático e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473 – 1543) foi o primeiro a apresentar um modelo matemático consistente (Heliocentrismo) para demonstrar que tal teoria não era verdadeira e que a Terra é que girava em torno do sol; o que veio a ser confirmado posteriormente pelo grande astrônomo Galileu Galilei.

Porém Galilei, devido a esta descoberta, foi condenado pela Igreja e levado à prisão, e só escapou de ser queimado vivo porque aceitou jurar em público que suas descobertas não eram verdadeiras. Esta história nos mostra claramente como o Fundamentalismo e o radicalismo foram e ainda são utilizados para ocultar a verdade em prol da continuidade do domínio político e religioso. E não nos iludamos: As forças que sempre lutaram para manter a verdade oculta das pessoas ainda estão fortes a atuantes nos dias de hoje.

Felizmente, ao longo do tempo. a lógica da verdade sempre prevalece. Hoje todos sabem, de forma inquestionável, que a Terra realmente gira em torno do Sol. Porém, o que teria acontecido se os gênios que abriram o caminho para revelar esta verdade não tivessem tido a coragem de desafiar as chamadas “verdades absolutas” pregadas pelas religiões, sem jamais questioná-las? Com certeza estaríamos ainda vivendo na Idade Média.

“Três coisas não podem ser escondidas por muito tempo: o sol, a lua e a verdade.” (Buda)

Disso tudo concluímos que a lógica é a única ferramenta confiável que pode nos orientar em direção à verdade, ou o mais próximo possível dela. Sem ela , tornamo-nos reféns de dogmas absolutos que não podem jamais ser questionados mesmo sendo, na maioria das vezes, absolutamente contraditórios.       

Muitos fundamentalistas cristãos criticam a utilização da lógica como ferramenta para a busca da verdade, afirmando que a mesma “não pode ser utilizada para analisar Deus e suas Leis”. Porém, todos eles, sem exceção, fazem ou tentam fazer uso de sua própria lógica, quando julgam ser conveniente, ainda que de forma parcial, ao apresentarem seus argumentos baseados em suas interpretações dos textos religiosos, sobre os quais fundamentam sua crença.

Assim, dentro desta argumentação pessoal, acabam analisando a Deus e suas Leis. A diferença é que tal análise não é imparcial nem está sujeita às rígidas regras da lógica, uma vez que a mesma está limitada a Dogmas que os fundamentalistas não admitem, de forma alguma, serem questionados.

“Qualquer coisa que contradiga a experiência e a lógica deve ser abandonada.” (Dalai Lama)

 

O objetivo da lógica, aplicada ao estudo das doutrinas religiosas, é demonstrar as falhas e contradições existentes na “lógica humana”, não na lógica de Deus! Ao considerarmos Deus como sendo a mais absoluta perfeição, não podemos admitir que Ele seja ilógico, incoerente e contraditório em suas ações, do contrário não poderíamos considera-lo perfeito. Portanto, as doutrinas religiosas também necessitam ser lógicas e coerentes, e jamais devem conter contradições!

“A Lógica da Reencarnação” não tem a pretensão nem o objetivo de apresentar uma verdade absoluta sobre Deus e Suas Leis, mas sim de demonstrar os erros e incoerências em interpretações que foram criados pelos próprios seres humanos,  em sua busca pela compreensão das Leis Divinas, interpretações estas que foram manipuladas, desde a antiguidade, com o objetivo do domínio religioso e político pelo medo, como explanado na parte II deste trabalho, no capítulo “O perigo do fundamentalismo”.

Jesus disse: “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João , 8).  Ora, só pode ser liberto quem está preso! Aqueles que estão livres não podem ser libertados, pois já se encontram em estado de liberdade. Já aqueles que estão apegados a Dogmas não desfrutam da liberdade mais elementar, que é a liberdade de pensamento; portanto estão presos e nem sabem disso.

Ninguém pode ser considerado “livre” se o seu pensamento estiver aprisionado, fechado, lacrado. Aqueles que têm a liberdade de buscar a Verdade, seja ela qual for, podem ser considerados realmente livres, pois seu pensamento não se aprisiona a qualquer conceito que não possa ser questionado.

Quem se orienta através da lógica é completamente livre, pois a mesma é incompatível com dogmas ou “verdades absolutas”. 

    F.C. Perini

bottom of page