Apresentação
“Aqueles que não querem acreditar em Reencarnação, não devem jamais analisa-la sob o rigor da Lógica, pois, se assim o fizerem, acabarão tendo, inevitavelmente, que validá-la” (F.C. Perini)
“A lógica da Reencarnação” é o resultado de mais de 30 anos de buscas, estudos e pesquisas pessoais e apresenta argumentos históricos, bíblicos, materiais, científicos e, principalmente, lógicos, em busca das respostas mais coerentes, consistentes e racionais para perguntas que os seres humanos sempre tentaram responder desde a antiguidade, tais como: “Qual a causa dos sofrimentos humanos?” e “Qual será o nosso destino após a morte do corpo físico?”.
Trata-se de um estudo baseado primordialmente na lógica e na razão, completamente livre de quaisquer dogmas religiosos que pudessem comprometer sua imparcialidade. Não tenho contudo aqui a pretensão de “provar” a existência das vidas sucessivas, nem da continuidade da vida após a morte do corpo físico, tampouco colocá-las como “Verdades absolutas”, uma vez que a própria ciência não reúne ainda recursos para oferecer uma prova conclusiva que preencha todas as exigências e rigores de comprovação científica, devido a tratar-se de um campo que transcende as Leis do mundo material como o conhecemos até os dias de hoje.
No entanto, como o leitor poderá constatar ao longo deste trabalho, as evidências lógicas, históricas, materiais e científicas que apontam para a continuidade de nossa consciência após a morte do corpo físico e o consequente retorno em outro corpo material são tão consistentes, que é praticamente, senão completamente impossível, para aqueles que realmente se propuserem a efetuar uma análise rigorosa, negar sua existência.
É importante também ressaltar que este trabalho não tem o objetivo de condenar ou denegrir qualquer tipo de religião, crença ou Filosofia, qualquer ela que seja. A Liberdade de crença religiosa é um dos direitos inalienáveis do ser humano, constando inclusive no artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada pelos 58 estados membros conjunto das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, onde encontramos a seguinte citação: "Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião".
Nosso posicionamento não vai, portanto, de encontro a qualquer religião ou doutrina, mas sim contra o radicalismo e a intolerância que são os maiores incitadores de confrontos e guerras e o fator que mais contribui para o atraso da humanidade em todos os setores.
A palavra religião vem do latim “religare” e indica a “religação”, ou seja a “reunião” do homem a Deus. Porém, precisamos enxergar o sentido universalista desta palavra, ou seja, não há uma religião superior a outra, não há um povo superior a outro. Ninguém é detentor da verdade absoluta! Somos todos irmãos nesta jornada terrena. Os verdadeiros religiosos precisam se unir e combater o radicalismo, pois somente assim encontrarão o verdadeiro caminho a Deus, que é o caminho da tolerância, da confraternização universal e da paz.
“A maior de todas as ignorâncias é rejeitar uma coisa sobre a qual você nada sabe." (H. Jackson Brown)
Se voltarmos a apenas alguns séculos atrás, veremos que a inteligência humana também não possuía conhecimentos de diversos fenômenos que para nós hoje são tão corriqueiros, tais como a eletricidade, as ondas de rádio e o magnetismo por exemplo, que são forças invisíveis mas todos sabemos que elas existem! Na verdade, tais forças sempre existiram, porém na antiguidade não havia tecnologia para demonstra-las ou estuda-las. Portanto, não podemos afirmar categoricamente que algo que para nós é invisível e ainda não conhecemos completamente não existe, simplesmente porque a ciência ainda não consegue demonstrar sua existência dentro das quatro paredes de um laboratório.
Ao longo da história, todos os grandes gênios que contribuíram para a evolução da humanidade tiveram uma mente questionadora, racional, e, acima de tudo, lógica! Tais inteligências ajudaram a derrubar várias idéias que eram consideradas, na época, como “Verdades absolutas” e que não poderiam jamais ser questionadas.
Portanto, precisamos ter muito cuidado com as chamadas verdades “inquestionáveis” e, quando nos propusermos a analisar algo sobre o qual a ciência ainda não pode oferecer uma comprovação definitiva, não há dúvidas de que a lógica é a melhor e mais poderosa ferramenta de que poderemos dispor para nos conduzir em direção à verdade, ou o mais próximo possível dela. A história nos mostra isso.
Seguindo esta linha de pensamento, posso dizer com convicção e absoluta segurança que, dentre todas as filosofias apresentadas pelo ser humano para explicar as questões transcendentais, a Reencarnação é a que apresenta a maior consistência lógica e também mais evidências tanto materiais quanto científicas, como o leitor poderá comprovar ao longo deste trabalho, que se divide em três partes:
Parte I – “Lógica”: A primeira parte deste livro apresenta 10 capítulos com análises lógicas onde, através de argumentos rigorosamente estruturados em premissas e conclusões, podemos demonstrar as ilogicidades e contradições existentes nos principais dogmas religiosos que sustentam a crença na existência de uma única vida, e a resposta racional e consistente que somente a Reencarnação é capaz de oferecer.
Parte II: “Evidências históricas e Bíblicas”: Na segunda parte são apresentadas as evidências históricas da Reencarnação, que esteve presente desde as épocas mais remotas na cultura dos povos e foi aceita pelos maiores gênios da humanidade, ao mesmo tempo em que sempre foi combatida pelos detentores do poder religioso por nela enxergarem uma ameaça ao controle dos fiéis, praticado pelas grandes instituições religiosas.
Parte III – “Evidências materiais e científicas”: Na terceira parte é apresentado um enorme conjunto de evidências materiais e pesquisas científicas sérias e totalmente documentadas, realizadas por nomes mundialmente renomados no campo médico e científico, que tornam praticamente impossível duvidar da existência da Reencarnação e de uma vida espiritual após a morte do corpo físico.
Lógica x Fé / Ciência x Religião
Um fator importante a ser esclarecido é que, uma vez que este é um trabalho primordialmente baseado na “lógica”, é natural que este conceito seja aqui utilizado de forma bastante enfática, pois é a ferramenta principal para o desenvolvimento de nossos raciocínios e consequentemente apresentação de nossas conclusões. Porém, isto não significa que venhamos a postular aqui a “substituição” da Fé pela lógica, ou o desmerecimento da visão religiosa, em prol da visão científica. Esta seria uma visão completamente equivocada.
Segundo Einstein, “A ciência sem a religião é manca, e a religião sem a ciência é cega”, querendo dizer que ambas, religião e ciência, podem andar juntas no caminho em direção à verdade.
Infelizmente na prática esta união (Ciência-Religião) torna-se muito difícil devido à existência de setores radicais em ambos os lados. Do lado científico tempos os cientistas ateus, que acreditam unicamente na matéria e nas experiências que podem ser demonstradas dentro do laboratório, descartando completamente a possibilidade da existência de qualquer coisa que não seja submetida à rigorosa comprovação científica.
Do lado religioso, temos os fundamentalistas, que acreditam unicamente naquilo que está escrito em seus “Livros sagrados”, não tendo absolutamente nenhuma abertura para qualquer investigação lógica ou científica, descartando completamente qualquer teoria que venha de encontro aos Dogmas defendidos por suas doutrinas.
No entanto observamos no mundo moderno o crescimento de uma nova classe de pessoas com uma visão “espiritualista” e ao mesmo tempo “científica”, que conseguem conciliar sua crença na existência de um Criador Universal Inteligente (Deus) com uma visão lógico-científica. No mundo ocidental, o Espiritismo, em minha opinião, é a Doutrina que melhor representa esta característica de conciliação científico-religiosa.
A meu ver, os Espíritas, assim como também os Espiritualistas (pessoas que acreditam na Reencarnação e na sobrevivência do espírito após a morte), situam-se exatamente no centro da fronteira entre a ciência e a religião, onde encontramos em um extremo os ateus materialistas e no outro os fundamentalistas religiosos.
Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, afirmou: “Se algum dia a ciência provar que o Espiritismo, está errado em determinado ponto, abandone este ponto, e fique com a ciência”. Isto demonstra a postura de desapego da doutrina a qualquer tipo de dogma e a abertura à pesquisa e ao conhecimento científico na busca pela verdade.
Ainda segundo Kardec, “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade”. Assim também acredito plenamente que a Lógica e a Fé podem ser conciliadas e se tornam mais fortes quando caminham juntas. Porém, para que isto seja possível, evidentemente é necessário que tal Fé admita a companhia da razão (Fé raciocinada), e não seja o que chamamos de “Fé cega”, que jamais se submete à razão, conforme discriminamos abaixo:
Fé raciocinada: Aqueles que a possuem mantém sua Fé, porém embasada em argumentos lógicos e coerentes e não têm medo de compará-la a outras linhas de pensamento, estando dispostos até mesmo a retificá-la, caso encontrem argumentos mais consistentes, pois buscam, acima de tudo, a verdade, seja ela qual for.
Fé cega: Aqueles que a possuem se julgam detentores da “Verdade absoluta” e simplesmente fecham os olhos para qualquer coisa diferente daquilo em que acreditam, sendo completamente incapazes de analisar de forma imparcial outros argumentos e informações, por mais coerentes que estes possam ser.
Quanto aos que professam a “Fé cega”, creio que este trabalho pouco ou nada terá a lhes oferecer, uma vez que a Fé cega e a Lógica são completamente inconciliáveis. Porém, àqueles que não temem expor suas crenças à luz da razão, nem desejam abrir mão do pensamento livre e do questionamento racional, deixamos o convite para que possam analisar os argumentos e informações aqui apresentados, para que tirem suas próprias conclusões.
F.C. Perini